24 abril, 2008

Brasil, Paraguai e a soberania na América Latina

A América Latina (AL) tem, nos últimos tempos, demonstrado estar disposta a romper os grilhões que lhe levaram ao atraso político e ao subdesenvolvimento econômico. Nada mais natural, uma vez que a globalização tem colocado em evidência as fragilidades e as incongruências do regime vigente.
O censo comum diz que as grandes nações são aquelas cujos governantes não se dobram as pressões de outros. Pois bem, no caso da AL até a década de 1990 esse conceito passava ao largo. A subserviência imperava. Soberania era palavra de dicionário para tarefas escolares, sem nenhuma relação com os países daqui. Não faltam exemplos de golpes de estado e intervenções econômicas por toda parte.
Mais recentemente os latinos começaram a reagir a essa situação, começaram a decidir os rumos de seus países. Além de eleger seus governantes colocaram suas reivindicações no centro do debate e as transformaram em bandeiras. Os candidatos que se identificaram com elas, acabaram vitoriosos nos últimos pleitos. E essas bandeiras nada mais eram que a defesa de seus recursos naturais e de suas economias.
Se é legítimo defendermos nosso petróleo, mananciais de água doce e nossas reservas minerais, é igualmente compreensível que a Bolívia faça o mesmo com o gás e o Paraguai queira rediscutir a utilização dos seus recursos hídricos na geração de energia na região. Tanto num caso quanto noutro, o que está em jogo é o direito de decidir o que é melhor para cada país sem interferência externa.
Temos assistido a um festival de interpretações tendenciosas, que servem para acirrar os ânimos entre os vizinhos latino-americanos. Todavia, sabemos que o que está por trás desse alarido todo são os interesses norte-americanos e dos grupos econômicos que sempre se beneficiaram das arengas na região. Os que falam de defesa da soberania nos casos acima, são os mesmos que acham natural a existência de uma base militar americana em solo brasileiro, que torcem pela implementação da ALCA para deleite das multinacionais e que apostam numa América Latina politicamente conservadora e financeiramente endividada com o FMI. Portanto, o governo brasileiro deve sim, exigir respeito, mas não cair no canto de sereia dos que pensam apenas em seus próprios interesses.
A eleição de Fernando Lugo no Paraguai, depois de seis décadas de domínio conservador, corrobora o caminho já trilhado pela Venezuela, Bolívia, Chile, etc. na construção de uma AL soberana, politicamente progressista, economicamente independente e de povos irmanados no enfrentamento das adversidades da globalização capitalista.

1 Comentários:

Às 1:06 AM , Anonymous Anônimo disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

 

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