Para além do maniqueísmo midiático e partidário (parte I)
Nas discussões recentes sobre o código florestal brasileiro o que mais se viu foi troca de acusações sobre quem está certo ou errado. Colocando-se de um lado os ambientalistas apaixonados e irracionais; de outro, os ruralistas desmatadores impiedosos.
Visto de outra forma, também poderia ser: os ambientalistas a serviço da indústria fina e farmacêutica internacional, fazendo de tudo para impedir que o Brasil domine grandes tecnologias e explore suas potencialidades agrícolas no momento atual. Afinal, o país hoje é um grande exportador e está sabendo aproveitar suas novas relações internacionais iniciadas sob o exitoso governo Lula. As mudanças no código, portanto, beneficia um enorme contingente de médios e pequenos produtores, sem excluir os grandes, é claro. Pois à medida que ele flexibiliza fronteiras, possibilita uma maior produtividade.
Nos últimos anos o Brasil honrou seus compromissos internacionais, abriu novas rotas de comércio, elevou o PIB, distribuiu mais sua renda e tornou-se respeitado no mundo. Longe, da submissão diplomática e comercial, típicas do período FHC, o país vai se firmando como nação verdadeiramente soberana. Internamente, estamos nos livrando de algumas dívidas sociais e debatendo outras. As desigualdades regionais continuam, mas foram dados passos no sentido de fortalecer as economias mais frágeis, vilipendiadas durante séculos para manutenção das elites centrais. A massa salarial, a partir do mínimo, vem aumentando. Tudo isso é inegável, mas não justifica o maniqueísmo presente nas discussões sobre o código florestal.
Se tomarmos a história como referência – o que nesse caso é imperativo – veremos que todos os grandes ciclos de crescimento foram sucedidos de depressões, com aprofundamento das contradições sociais. Isso se dá porque nos sistemas de exploração, como é o nosso, o fruto do crescimento é distribuído incorretamente. O capitalismo tem como marca principal a exclusão econômica. Portanto, ter a ilusão de que o crescimento econômico vivido nos marcos do regime é garantia de desenvolvimento humano é negar a essência do mesmo. Tais entendimentos são necessários para discutir a questão ambiental sem paixões.
É verdade que há muito as empresas estrangeiras financiam “ecologistas”, “missionários”, “pesquisadores” e Organizações Não Governamentais (ONG) de toda espécie para explorar riquezas naturais em diversos países. Assim como também é verdade que a biopirataria se traveste de defensora da natureza. Todavia, precisamos distinguir os falsários daqueles que realmente estão preocupados com um futuro sustentável. Não dá para colocar na mesma bacia ONG’s vendidas e cientistas brasileiros sérios. Entretanto, também não devemos impedir que os pequenos agricultores sejam beneficiados com ações do Estado por conta das malversações dos latifundiários sócios do poder.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial