16 junho, 2013

As incongruências entre Estado capitalista e princípios de esquerda

Muito temos ouvido falar sobre um sinal de igualdade entre entre esquerda e direita, no que diz respeito a administração pública. É um a afirmação recheada de rancor daqueles que foram desalojados do poder, de revolta dos que apostaram num projeto nacional de poder como se fosse uma revolução e de indiferença dos que acham que todo político calça 40.
Para entender essa situação é necessário entender que, poder político e poder econômico andam juntos, mas não são a mesma coisa. Essa distinção, entretanto, não é garantia de isenção de influência de um sobre o outro, particularmente do segundo sobre o primeiro.
A maquina estatal construída sob a lógica liberal, ora administrada por partidos de esquerda, continua sendo a mesma e como tal serve aos interesses primeiros da classe dominante ou grupo social hegemônico. Essa maquina detém um aparato repressor que serve para manter o status quo. Senão, como explicar o tratamento diferenciado para os abastados.
As manchetes dos noticiários sobre as manifestações contra o aumento das passagens deixa claro a posição da imprensa, que trata os manifestantes como vândalos, que estão impedindo o direito constitucional de ir e vir. No entanto, entende como natural o bloqueio de estradas em 10 estados, por parte dos ruralistas.
Essa aparente contradição, na verdade, faz parte da lógica. Não é contradição e sim uma afirmação da natureza do regime que nos cerca.
O Estado que manda bomba contra estudantes é o mesmo que, certamente, vai fazer concessões para os grandes proprietários de terra. Em que pese a justeza das reivindicações estudantis, não será atendido. Enquanto isso, o latifúndio será contemplado com dinheiro público, mais uma vez - uma verdadeira bolsa latifundiário.
Sendo, os partidos de esquerda defensores de tradições e princípios proletários, como devem se portar diante disso? Colocarem-se, incondicionalmente, favoráveis aos governos que fazem parte? Ou defender a manutenção da ordem pública?
As respostas são bem mais complexas que as perguntas, porém, devem representar uma reflexão sobre os verdadeiros interesses a serem contrariados e sobre a condição efêmera do poder político. A história está repleta de exemplos dessa afirmação.
A esquerda não conseguirá conciliar, indefinidamente, a natureza própria do Estado e os princípios classistas que defendem. Portanto, devem se posicionar sobre os acontecimentos recentes, sob pena de não se conciliarem com aqueles que historicamente representam: as camadas populares e os trabalhadores.

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