26 março, 2009

Quem deve pagar pela crise do capitalismo?

A crise é uma realidade e ninguém discute. Porém, precisamos saber qual o nosso papel dos trabalhadores nesse quadro. A sugestão midiática é ficar passivos e esperar a tempestade passar. Enquanto isso os bancos, as seguradoras de cartão, os especuladores e economistas comprometidos com o projeto neoliberal vão ditando o ritmo. Todos os dias são anunciados bilhões e mais bilhões para socorrer o sistema financeiro à custa dos trabalhadores, que ainda têm que conviver com o desemprego ou o fantasma dele.
Todo esse cenário contribui para tentativas de exploração ainda maior dos trabalhadores e de retirada de direitos, além de colocar sobre os nossos ombros a responsabilidade de escolher entre continuar empregado aceitando a redução de salários ou o desemprego em massa, ou seja, os capitalistas tentam nos impor seus prejuízos como se fossemos nós os grandes responsáveis pela bancarrota atual.
Todavia, quando o crescimento econômico era evidente, os capitalistas não repartiram seus lucros com seus funcionários. Só para lembrar: em 2007 o PIB( Produto Interno Bruto) teve crescimento de 5,4%, pouco maior que o de 2008 (5,1%); se comparado aos 2,9% em 2006; 2,3% em 2005; 4% em 2004 demonstra que não se justifica a ofensiva do capital.
Como se não bastasse o governo mantém o famigerado superávit primário – dinheiro destinado para pagar a dívida pública, que é alimentada pela elevada taxa de juros. O que não se vê são decisões que protejam o trabalhador e seu emprego.

Ousadia e firmeza de princípios

Como resposta à crise, os trabalhadores franceses foram às ruas e fizeram greve geral, demonstrando disposição para enfrentar os inimigos de classe e não pagar pelo desastre econômico que se abate sobre o mundo.
O capitalismo há muito não consegue dar provas de sua viabilidade, ao contrário, promove a miséria por toda parte, é o “Midas” ao avesso. E sua face precisa ser denunciada. A globalização é o instrumento de disseminação mais eficaz na proliferação das mazelas engendradas pelo sistema vigente.
Entender o porquê e como se desenvolve a crise tornou-se o desafio dos que estudam o modo de produção capitalista, porém, lutar contra o aumento da exploração e da miséria é o dever dos trabalhadores e das trabalhadoras que almejam um futuro melhor.
Nesse sentido cumpre papel prioritário a unidade do proletariado em torno de bandeiras de luta que visem manter e ampliar as conquistas trabalhistas. Participar das jornadas de lutas das centrais sindicais e fazer campanhas salariais criativas e politizadas, defendendo a implementação do piso salarial na educação pública, bem como a manutenção de direitos e recomposição das perdas salariais no setor privado, são algumas das atitudes a serem tomadas pelas categorias nesse momento.
A luta de classes toma nova forma na conjuntura momentânea e pode servir para a elevação da consciência dos trabalhadores, para isso é necessário que o movimento sindical radicalize no conteúdo, denunciando o sistema e apontando outro caminho para a humanidade, sem perder a perspectiva de utilizar formas que o aproxime cada vez mais da sua base. Em outras palavras, a firmeza de princípios não deve ser confundida com a radicalidade de palavras e a perda de capacidade de negociação, sob pena de prejuízo para a classe obreira.

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