18 junho, 2008

OS GRANDES INVESTIMENTOS E A RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO LOCAL

A euforia com a chegada, em Pernambuco, da Sadia e da Perdigão, assim como outros tantos negócios, não podem ofuscar a responsabilidade dos gestores e da sociedade sobre os prós e contras da empreitada. A vinda de empresas desse porte, tem a característica de trazer empregos. Porém, esse não é o único impacto socioeconômico originados por esse tipo de empreendimento.
Se as cidades acolhedoras não tomarem as providências necessárias, problemas de toda ordem se instalam junto com as empresas. O executivo e o legislativo precisam ficar atentos para estabelecer leis que assegurem proteções sócio-ambientais e deve ser criada infra-estrutura para receber a população e a circulação de mercadorias, expansão do comércio dentro e no entorno do Município.
Acreditar que investimentos oriundos do Governo do Estado são suficientes é adiar decisões, que em um futuro bem próximo, podem livrar o povo de grandes males. O poder público local (executivo, legislativo e judiciário) tem a prerrogativa e o dever constitucional de estabelecer parâmetros para absorvição de tais empreendimentos em qualquer lugar e nível de poder. Sob pena de mais tarde não poder resolver os transtornos causados pelo descaso inicial.

03 junho, 2008

A descarada política da Globo com suas novelas

O Brasil assistiu, dia 31, ao último capítulo da novela ''Duas Caras''. Se houve novidade na trama, assinada por Aguinaldo Silva, ela ficou por conta do abuso nas referências a personalidades e fatos da vida política nacional, e pela ridicularização dos movimentos sociais, misturando realidade e ficção com clara intenção de construir um discurso ideológico conservador.
Essa politização explícita já estava presente desde os primeiros capítulos, quando o autor declarou que o personagem Ferraço (Dalton Vigh), o vilão da trama, foi inspirado na vida do ex-ministro José Dirceu. A referência provocou uma carta indignada da ex-esposa de Dirceu, Clara Becker, acusando o novelista de fazer uma comparação caluniosa para alimentar divergências políticas. Chegou também ao cúmulo de atacar os concorrentes da TV Record colocando, na trama, um grupo de evangélicos que, raivosos, atacou uma mulher grávida acusando-a de promíscua.
Além do embate com os evangélicos, colocou em cena, de forma desfavorável e mistificadora, ''fatos do cotidiano'', como as CPIs, tapiocas, dossiês, cartões corporativos, política de cotas, racismo, educação privada x ensino público, protagonismo político da elite, entre outros temas colhidos pelo autor no noticiário da imprensa conservadora, da qual a novela é uma espécie de outra face da moeda, como ferramenta para formar opinião - no caso, opinião conservadora, alienada.
Ao abusar da politização, a novela global rompeu a barreira delicada que separa o aceitável do inaceitável no uso da concessão pública dos meios de comunicação. Não se discute o direito da emissora retratar assuntos políticos e polêmicas nacionais em seus programas, mas sim se é ético e justo usar um programa de tamanha audiência para atacar adversários políticos e construir discursos favoráveis ou contrários a propostas e idéias em disputa na sociedade.
As regras do jogo democrático pressupõem condições equilibradas para a luta de idéias. Os meios de comunicação sempre foram apontados com um fator de desequilíbrio nesta disputa pois, concentrados na mão de grandes empresários, costumam jogar no campo da direita. Para controlar a manipulação, há uma série de regras para regular o conteúdo das emissoras, especialmente em período eleitoral. Mas elas estão concentradas basicamente no conteúdo jornalístico. Quando a manipulação salta da pauta jornalística para o roteiro da novela (que é uma obra de 'ficção''), o desequilíbrio piora pois a propaganda política disfarçada feita através dela é menos suscetível a processos legais.
Assim, protegida pelo chamado “manto sagrado da liberdade de expressão artística”, as novelas da Globo são um verdadeiro paralelo desregulado ao jornalismo televisivo da emissora para construir discursos favoráveis ao pensamento único neoliberal. E contrários às idéias avançadas historicamente defendidas pela esquerda, como a política de cotas, a liberalização do aborto, a descriminalização da droga, a proibição da pena de morte, a valorização dos movimentos sociais (claramente atacados e ridicularizados pela novela global), a defesa dos direitos humanos etc.
(vermelho.org.br - 02/05/08)

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