13 dezembro, 2006

Tapa na cara, na bunda e na boquinha, ela pede e eu dou

Calma!!!
essa apologia não é feita por mim, mas, sim pelo grupo Saia Rodada.
Pois bem, esse e outros grupos resolveram escancarar termos muito depreciativos envolvendo as mulheres e, nesse caso eles banalizam o tratamento violento contra elas.
Recordando um fank que tocava alguns anos atrás que dizia "um tapinha não doi", sabemos da repercussão que teve naquele tempo, porém, por se tratar de um grupo nordestino, parace que as coisas aqui podem ser tomadas como normais. Nisso reside enorme perigo, porque o que é cantado pode ser encarado como mera diversão, mas, também pode refletir sentimentos. Mais ainda, sabemos da força da música na assimilação e reprodução de idéias.
Quantas pessoas no cotidiano são capazes de recitar poemas de Quintana, Vinícius, Buarque e outros, porém, quando colocadas em músicas tornam-se populares e são decoradas até por crianças. Pena que esses exemplos estejam ficando escassos e em seu lugar está tomando vulto termos de baixo escalão e a banalização da violência.
Precisar quanto ou como esse tipo de manifestação contribui para os alarmantes índices de violência contra as mulheres é algo que necessita de estudo, todavia, certamente em nada colabora para sua erradicação.

07 dezembro, 2006

Fundeb

Câmara aprova Fundeb em segundo turno
Publicidade

Por 328 votos favoráveis e 4 contrários, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o substitutivo do Senado para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Fundeb ((Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). A PEC deverá ser promulgada em sessão do Congresso Nacional.O Fundeb, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nas eleições de 2002, redistribuirá recursos destinados à educação básica da rede pública de acordo com o número de alunos matriculados no ensino infantil, fundamental e médio.O atual fundo, Fundef, tem validade até o final deste ano e redistribui verba só por estudantes do ensino fundamental de primeira a oitava séries.A total implantação do Fundeb será feita em três anos, de forma gradual. A União, por exemplo, começará investindo R$ 2 bilhões e chegará ao terceiro ano com R$ 4,5 bilhões.Atualmente, o governo federal repassa para o Fundef R$ 450 milhões por ano. O restante vem de Estados e municípios.Depois de aprovada a proposta, o governo fará a regulamentação, criando um valor mínimo a ser investido por aluno ao ano para cada ensino infantil, fundamental e médio.
A espectativa agora é criar mecanismos de controle social para que os desvios do Fundef não se repitam no novo fundo, para isso é preciso a vigilância e a organização da sociedade na fiscalização da utilização dos recursos.

05 dezembro, 2006

A lógica excludente na educação

A EDUCAÇÃO NO BRASIL E SUA LÓGICA EXCLUDENTE


A sociedade brasileira colonial foi fortemente influenciada pela sociedade européia. Pode-se dizer que a cultura européia foi transplantada na íntegra. A educação nesse período era vista como algo supérfluo, algo sem utilidade ao processo produtivo ou de enriquecimento das famílias. Nesse período nossa economia era agrícola com produção de produtos primários destinados à exportação.
Outra característica marcante que se perpetuou foi à organização dessa produção com base no latifúndio e na monocultura. Devido a essa característica e a forma de produção, a sociedade se dividia em latifundiários e escravos, não necessitando de mão-de-obra qualificada. O resultado disso é que a educação nesse período não foi além do conceito de que o aluno era apenas um receptor de informações sem qualquer questionamento.
A educação dessa época estava voltada para reafirmar a autoridade da igreja, o esquema de colonização e o "polimento" dos espíritos dos filhos da elite. Missão muita bem desenvolvida pelos jesuítas.
As transformações que ocorreram em nossa sociedade foram impulsionadas pelos movimentos sociais ou interesses externos.
Com o advento do império o Brasil passou a ter o "direito" de vender seus produtos para outros mercados além de Portugal. Continuou, porém, a ser essencialmente agro-exportador.
No início do período republicano o alto índice de analfabetismo tornou-se um entrave para o avanço produtivo. Tendo, o Brasil que recorrer a mão-de-obra imigrante européia, especialmente a italiana. Com as transformações ocorridas nessa fase, ganhou força a industrialização e a urbanização.
A revolução de 30 foi um divisor de águas. O grupo que defendia a manutenção do modelo agrário-exportador saiu derrotado, frente aos defensores da industrialização e de uma maior diversificação da produção.
A partir do processo de industrialização e da abertura decidida ao capital estrangeiro, nas décadas de 40-50, teve início uma série de mudanças na educação brasileira. O sistema educacional passa a preparar mão de obra especializada para a indústria - que era fundamentalmente de química pesada e metal-mecânica. A partir daí o sistema educacional ficou organizado em: superior; secundário; e profissional. Surgia, assim, as escolas técnicas e os serviços de aprendizagem como SENAI e SENAC. O ponto de partida era o modelo Fordista de organização da produção.
No quadro atual do desenvolvimento econômico, a educação deve estar mais voltada para o domínio do conhecimento e da informação, que são os pilares da sociedade moderna com economia globalizada, principalmente com o advento da revolução tecnológica e sua conseqüente e veloz implementação, que tem na comunicação sua expressão mais visível.
É nesse contexto histórico que devemos analisar o surgimento e evolução da escola privada, criada inicialmente como complementar e como concessão do Poder Público, desenvolvido pelas escolas de caráter religioso.
Hoje, é inegável a importância desse setor, tanto para a economia quanto para a sociedade, enquanto assiste-se, infelizmente, o sucateamento da escola pública. É preocupante a proliferação de estabelecimentos privados de ensino, tanto na escola básica quanto de escolas de 3º grau, sem que haja um controle mais rigoroso por parte do Estado, a fim de evitar as excrescências “educacionais” (escolas que oferecem ensino de má qualidade e condições de trabalho indignas), bem como repensar a escola pública de qualidade enquanto espaço onde é possível democratizar o conhecimento.
Vale ressaltar, que o direito e o acesso à educação de qualidade não foram garantidos para os excluídos. As nossas elites, ao longo dos séculos souberam utilizar isso de forma eficaz, para manter o escandaloso abismo que separa pobres e ricos, além de deixar o Brasil com índices educacionais vergonhosos.
Mesmo depois de tantos esforços para maquiar os números através de políticas compensatórias e sistemas avaliativos duvidosos, o quadro é desolador. Só para ilustrar o resultado dessa lógica excludente e perversa, temos:
• 59% das crianças na 4ª série não sabem ler e 52% delas não sabem fazer operações matemáticas simples.
• Em 1997 a evasão escolar era de 5,2% contra 8,3% em 2001.
• 20,2% dos estudantes da educação básica repetem o ano.
· 67% dos brasileiros não compreendem os textos que lêem.


Fonte: Folha de São Paulo

Como vemos, fora o contingente atual, existe um grande número de analfabetos funcionais em formação. Todavia, este quadro não reflete apenas a realidade da escola pública, ele é o retrato educacional brasileiro.
Se antes a exclusão ocorria por preconceito ou projeto mal acabado das elites tupiniquins, atualmente ela é fruto da ganância e da visão mercantil na qual a educação está submersa.
Perdurando esse modelo educacional excludente e mercantilista, temos que admitir que a situação no presente é ruim, mas, se nada for feito, teremos um futuro sombrio para educação.
Por isso é preciso inverter a lógica e as prioridades sociais para que possamos respirar ares de avanço e democratização do conhecimento, enquanto instrumento indispensável ao desenvolvimento da cidadania e conseqüentemente do país.