13 outubro, 2010

1939 e 1968 precisam terminar!

Um retorno ao terror e às perseguições ideológicas, marcam essa campanha presidencial.
Os ereges, os subversivos e os comunistas "devoradores de fígado de criancinhas", precisam ser eliminados - diziam os golpistas sob o comando de Médice no fim da década de 1960. Pois bem, esses tempos voltaram.
O aborto ou a aceitação da pena de morte tem algo em comum? Não! A não ser pelo fato de discutir genericamente o direito a vida. A hipocrisia faz com que, os que condenam o primeiro aplaudam o segundo. Aos religiosos e fervorosos a que se perguntar: não seria mérito de DEUS tirar ou colocar a vida na terra? Por que, então, posição dúbia nos dois fatos? Resposta: a hipocrisia não permite uma mesma postura.
A lei brasileira, já prevê em que situações a interrupção de gestação pode ser procedida: quando coloca em risco a vida de mãe e filho; quando acontece estupro e violência sexual contra menores, etc. Por que se está discutindo finalmente a adoção de leis sobre o assunto?
O caso da menina pernambucana de nove anos de idade, que engravidou depois de vários atos de violência contra seu corpo, praticados por um monstro que convivia com ela, é emblemático. Lembram, a posição do então arcebispo de Olinda e Recife? Não excumungou o estuprador, mas a mãe que permitiu e o médico que fez o procedimento, sim. Quem deveria ir para o inferno? D. José mandaria as pessoas erradas.
Há 21 anos o Brasil de Ronaldo Caiado, representante dos latifundiários na corrida presidencial da época teve, com Luiz Inácio Lula da Silva, postura semelhante aos boatos sobre a distribuição de terra - nesse caso a excomunhão deveria ser do país. Muita gente que se escondia na sua hipocrisia, votou em Collor no segundo turno e o resultado já sabemos.
O Brasil parece ter evoluído em aspectos econômicos, mas definitivamente continua alguns séculos atrás nos valores morais sobre o direito a vida.
Os clérigos e pastores sérios devem se posicionar pela defesa da vida sem apelar para a discriminação contra as milhares de mães que não têm como sustentar seus filhos ou são vítimas de violência. Os chefes religiosos que querem tirar proveito de um tema tão sério são corruptores de valores e provavelmente vivem comentendo adultérios nos intervalos dos cultos ou pedofilia em sacristias.
D. José deve está feliz em ver que sua hipocrisia reina no debate presidencial. Os "dilmistas" estão tentando retribuir os ataques tucanos com o mesmo veneno - mostrar que são eles que defendem o aborto e não a Dilma. Tornam-se hipócritas, tanto quanto.
Os defensores do regime militar estão revivendo os anos dourados em que mulher usar pílula era eresia e defender liberdade de expressão e democracia eram coisas de "comunista endemoniado".
O debate que está em curso faz parte de um conjunto de ideologias que discriminam e segregam pessoas. Hitler, soube muito bem aproveitar tais preconceitos e intolerância iniciando uma perseguição cruel, com o consequente extermínio de milhões de seres humanos.
O preço pago pelo retorno a idade média será o retrocesso político e econômico, mas o pior é que será, também, um retrocesso cultural e abrirá caminho para campanhas fascistas, que poderão ter consequencias irremediáveis.
1939 (início da segunda guerra e perseguição aos judeus) e 1968 (início dos anos de chumbo) precisam ficar para trás, sob pena de não mais reencontrarmo-nos enquanto nação democrática.
Não é suficiente a bestialidade dos skinheads que perseguem nordestinos? Daremos o aval a criação de milícias caçadoras de bruxas do século 21?
A favor da vida e da liberdade, pois o país é constitucionalmente laico e democrático.

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